segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Viagem de alma

São aproximadamente 3 horas de ferry entre Phuket e Phi Phi. O caminho todo com ondas e agitação marítima. Duro! 
Depois ainda trocas de barco até ao hotel. Entra a recepcionista do hotel para confirmar as malas e os quartos. Olha para mim e pergunta-me - alone? 
-Yes! 
Uauuu disse-me ela.
Gostei logo dela.
No barco, uma americana já não aguenta mais a agitação nem o enjoo. Dou-lhe a mão, ajudo-a para que se foque e respire. Ela diz-me que às vezes temos de sofrer para poder ver lugares especiais. É assim mesmo. 
Chego ao hotel, dão-nos a típica toalha refrescante e o sumo. Fazem o check in. Lip, como se chama a rapariga com quem simpatizei, acompanha-me ao quarto. Claro que tinha de ser o mais longe e com mais escadas para subir. Refilo com ela - odeio escadas! Ela ri-se! 
Digo que vou passar a noite a ligar para a recepção só para a chatear. Ela ri mais. 
Visto o fato de banho e vou direta à praia. Mar! Assim que mergulhei senti um alívio. Um banho de alma. Já não me lembrava como era salgado. Quente. 
Um banho que me tira o cansaço de quase 40 horas sem dormir. 
Olho à volta e vejo um casamento. Ironia filha da puta! 
Começo a andar pela praia. Sentir a areia branca passar-me pelos dedos. Estou exacerbada com esta beleza. Começa a escurecer e tento regressar ao quarto. Procuro as placas, ando às voltas. Não encontro a porcaria do quarto. Peço ajuda e ele acha que estou a gozar. Não estou. Vem outra pessoa e diz-me mas aqui é o 304. Não, mas o meu é no alto. Vou confirmar o número da chave. Olho para a chave, sim é o 304. Olho para a farda da rapariga. Ok! O meu quarto é o 304 mas noutro hotel. 
Rio-me, claro! 
Volto ao meu hotel e vou à recepção: Lip, estou perdida e tu vais ter de me levar ao quarto. Ela panica. Eu rio. E descubro-o! 
Tomo banho, visto um vestido - que gostavas e, pinto os lábios. Estou leve. Vou jantar, mas levo a lanterna que o hotel tem nos quartos, para conseguir regressar. Sem me perder. 
Escolho uma mesa na areia. Há música ao vivo, velas e o mar ali. Peço para levantarem o segundo prato da mesa. Estou sozinha, porque preciso do outro prato? Peço uma cerveja e um caril verde de gambas. Pouco picante. Vem muito. A jantar está um homem sozinho. Muito mais velho. Sem ele saber, admiro-o. Também ele acreditou que merecia o paraíso. 
Volto ao quarto, sem me perder. 
Adormeço. Acordo nem 3 horas depois. São 2 da manhã. Estou na varanda. Oiço os animais e sou picada por mosquitos. O vento a embalar a bananeira mesmo aqui de fronte. As rãs, os grilos e cigarras. Os barcos ao longe. Oiço música e ainda deve ser do casamento. Não interessa!
Pouca coisa interessa. 

Talvez apenas dormir! 

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Crónicas de um coração despadaçado #3

Afinal pode fingir-se amor...

Pode, e a cumplicidade, a empatia e a compaixão.
 Se se pode fingir amor.
Isto dói. Na barriga.
Às vezes dá-me vontade de rir.

Porque foi tão fácil acreditar. Que era para a vida.
Que tonta fui.
Eras-me tão fácil de amar. Daquele verdadeiro. Do amor sereno e cúmplice. Das gargalhadas e ligações Wi-Fi. Dos abraços de carinho e de conforto. O silêncio nas horas precisas. A minha metade.
Como se recupera de uma vida cheia, para uma vida de nada.
Como se esquece? Aceitando que só fomos merecedores de uma parte. 
Ou de nada. 
Éramos apenas uma rua trocada, no mesmo código postal.
Que triste que é!
Como se pode fingir amor?

Crónicas de um coração despadaçado #2

Dói tanto.
 Aquela frase, repetidamente a pairar.
 Dói tanto.
 Deixo de respirar.
 Dói tanto. 
Foi um punhal, que me sangrou pelas costas. 
Arrancou-me o coração, e despedaçou-o. 
Dói tanto. 
Todos os dias eu agradecia a minha bênção.
 A tua benção. 
Da alegria genuína de te amar. 
Todos os dias. 
Provavelmente deste-me os sinais e, eu não vi. Não vi. 
E pior não senti. 
Avançaste devagarinho, sorrateiramente. Com sono. Cansado. Eu a acreditar. 
Não vi os sinais. 
Quando não nos quiseste.
 Dói tanto...
Dói demais...

Crónicas de um coração despadaçado #1

Embarcas-te, foste para uma viagem de tormenta, que pode não ter fim.
 Foste, sem medo, de corajoso que és. Não lhe podias fazer frente, só embarcar. 
Não levas-te o colete salva-vidas, não sei se por esquecimento ou por bravura excessiva. 

Não deves voltar, que a viagem não é de núpcias mas é nupcial. 
Mas foste...

 E fiquei a ver-te partir da janela da cozinha. 
Sem um adeus. 
Só um silêncio de quem não acreditou!

 O vazio de ter tudo e, em três segundos- o tempo que demoraste a dizer aquela frase- perder tudo. Não é ficar sem chão, coisa tola, porque tinha o chão daquela cozinha. Aquela nova, onde iríamos ser tão felizes. A 2, a 3 ou a seis.

 Seríamos aquele casal das novelas, mas sem um guião escrito. Daria-te um Grammy, pela tua capacidade, de me fazeres acreditar num amor eterno. Dos que nos fazem borboletas e arrepios na espinha. Mas o mar chamou por ti!
 E foste! 

Sem olhar para trás, de olho sincero mas coberto de culpa!

Adeus, meu amor! Que seja serena a tua viagem! Sem sombras. O meu é negro, como as unhas que pintei hoje, mas eu sei que o sol há-de nascer!

Bruxas??!

 Dia de todos os Santos e o meu gato desaparece misteriosamente??!! {Primeiro uma tartaruga, agora um gato??} Não há bruxas o car****